Ex-Miss Mato Grosso é condenada por trabalho escravo em fazenda no interior do estado

Foto: Reprodução/ND

A empresa da ex-Miss Mato Grosso Taiany França Zimpel, e os donos de uma fazenda em Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, terão de pagar R$ 1,6 milhão em indenizações a 20 trabalhadores resgatados em setembro durante uma operação do MPT (Ministério Público do Trabalho) e do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

Segundo informações do UOL, os auditores encontraram um cenário de abandono e falta de higiene nas acomodações. Parte do grupo dormia em barracas de lona, outros em um contêiner sem ar-condicionado e sem camas.

Não havia água potável nem banheiro: os trabalhadores usavam um córrego para banho e coletavam água de um rio para beber e cozinhar.

Segundo as investigações, 16 dos 20 trabalhadores não tinham registro formal e recebiam por produção. Os outros quatro estavam registrados, mas recebiam parte do salário “por fora” da carteira. Eles viviam em uma área isolada, sem condições de sair por conta própria, e um adolescente de 17 anos estava entre as vítimas.

O MPT informou que tanto a empresa da ex-Miss quanto os donos da fazenda assumiram responsabilidade solidária pelos abusos. Do total de R$ 1,6 milhão, R$ 418 mil correspondem a verbas trabalhistas e rescisórias, R$ 200 mil a indenizações individuais por dano moral (R$ 10 mil por trabalhador) e R$ 1 milhão a dano moral coletivo, destinado ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso, que apoia a reinserção de vítimas do trabalho escravo.

Foram assinados dois TACs (Termos de Ajustamento de Conduta), com obrigações específicas para cada parte, além de autos de infração.

A T. F. Zimpel disse ao portal UOL que a empresa não tem fazenda e só prestou serviços, terceirizando a mão de obra. A empresa da ex-Miss afirmou ter colaborado com as autoridades, fornecido documentos e prestado apoio aos resgatados, e destacou que o TAC não significa admissão de culpa.

Já a defesa da Fazenda Eliane Raquel e Quinhão atribuiu a responsabilidade a empresas terceirizadas e disse que os proprietários da área rural “desconheciam o cenário e condições apuradas pelo MPT”.

A defesa afirmou que a fazenda contratou uma empresa com autorização da Secretaria estadual de Meio Ambiente e colaborou com as autoridades com boa-fé.

Natural de Mato Grosso, Taiany, miss envolvida em caso de trabalho escravo, ganhou destaque nacional ao ser coroada Miss Mato Grosso em 2016. Em 2024, voltou a competir e se apresentou como Miss Grand Mato Grosso e Miss MT Internacional. Nas redes sociais, costumava compartilhar momentos de lazer e viagens, mas fechou o perfil após a repercussão do caso.

 empresa T. F. ZIMPEL, trata-se de empresa prestadora de serviços em atividades de apoio à pecuária e a agricultura, atuando como intermediadora.

A empresa T. F. ZIMPEL, assim como a Família Zimpel, não possuem propriedade rural.

Assim, a empresa T. F. ZIMPEL esclarece que firmou contrato de prestação de serviços com uma propriedade rural e terceirizou a mão de obra para execução dos trabalhos, portanto, a empresa T. F. ZIMPEL não representa a fazenda e também não realizou a contratação da mão de obra direta.

Aempresa T. F. ZIMPEL, mesmo não sendo a contratante dos trabalhadores, vem colaborando integralmente com as autoridades nas apurações relacionadas ao caso dos 20 funcionários resgatados.

Desde o inicio da fiscalização, quando tomou conhecimento sobre os fatos, a empresa garantiu o acesso irrestrito às instalações da operação e documentos, além de atuar no acolhimento e realocação dos colaboradores afetados.

A empresa T. F. ZIMPEL reforça seu comprometimento com práticas trabalhistas éticas, respeito à legislação e aos direitos dos trabalhadores.

A empresa firmou, com o Ministério Público do Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com caráter emergencial e reparatório, sem confissão de culpa, pois mesmo sem ser responsável direta pelos funcionários, preferiu garantir o suporte imediato dos colaboradores, resguardando-se no direito de regresso ao contratante.

A empresa T. F. ZIMPEL repudia veementemente qualquer prática análoga à escravidão ou tráfico de pessoas e seguirá colaborando com as investigações, confiando que a verdade será esclarecida com responsabilidade e respeito ao devido processo legal.

A empresa T. F. ZIMPEL informa que serão tomadas todas as medidas legais cabíveis, tanto cíveis quanto criminais, quanto a publicações que expõe os fatos de forma distorcida à realidade, em especial àquelas que liguem os fatos à pessoa da Miss Mato Grosso”.

Fonte: ND+