Foto: reprodução / redes sociais

As famílias dos quatro homens desaparecidos na região de Icaraíma, no Noroeste do Paraná, continuam à espera de respostas sobre o paradeiro de Alencar Gonçalves de Souza, Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso. O carro usado por eles no dia 5 de agosto foi encontrado enterrado em um bunker, mas não há vestígio de corpos no local. 

A filha de Rafael Juliano publicou nesta segunda-feira (15) uma homenagem para o pai nas redes sociais. Ele é um dos quatro homens desaparecidos em Icaraíma. A jovem divulgou vídeo em momentos com Rafael e deixou uma legenda emocionante. 

“Além de tudo isso, eu vejo um pai de família, um servo de Deus, um marido. Mesmo com tantos julgamentos, mesmo o tanto que critiquem, todos tinham família, e saibam que mesmo com tudo a família sofre, e muito! E nunca irei mudar minha visão sobre meu pai, porque quem estava debaixo do teto morando com ele, era eu e minha família! E nós sabemos o homem que ele era”, escreveu a moça.

O que se sabe sobre o caso dos desaparecidos em Icaraíma

Diego saiu de Olímpia, no interior do estado de São Paulo, junto aos amigos Rafael e Robishley, moradores de São José do Rio Preto (SP), para tentar receber cerca de R$ 250 mil referentes à negociação de uma propriedade rural.

O grupo viajou no dia 4 de agosto e chegou à cidade paranaense no fim da tarde. Lá, eles teriam se encontrado com Alencar. 

“Eles se encontraram com o Alencar na segunda-feira e foram até uma propriedade rural para fazer essa cobrança. Eles fizeram o primeiro contato com o devedor e ficou combinado um retorno no dia seguinte. Mas por volta das 12h da terça-feira (5), ninguém conseguiu mais contato com eles”, explicou na época o delegado Gabriel Meneses. 

Polícia identifica suspeitos 

A Polícia Civil está à procura de Antônio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo, pai e filho suspeitos de armar uma emboscada para os quatro desaparecidos. Segundo o delegado, os dois são os homens que foram ouvidos no dia 6 de agosto. 

“Naquele momento eles falaram que não tinha relação com a dívida, mas sim outros familiares. Eles foram liberados e esses familiares não foram encontrados. A princípio, acreditamos que os quatro desaparecidos foram cobrar essa dívida e foram vítimas de uma emboscada. O mandado de prisão temporária deles foi expedido contra Antônio e o Paulo”, explicou.

Além disso, a polícia paranaense descobriu que Antônio tem antecedentes criminais por porte ilegal de arma de fogo. Já Paulo não tinha histórico de crimes.

Carro é encontrado enterrado 

A Polícia Militar Ambiental do Paraná revelou que no carro dos desaparecidos de Icaraíma havia sangue e marcas de disparos de arma de fogo. O veículo, uma Fiat Toro branca, foi localizado enterrado em um bunker na zona rural do município, a cerca de 8 km do último local onde as vítimas foram vistas.

O automóvel foi localizado na tarde desta sexta-feira (12) pela Polícia Militar Ambiental de Umuarama, após denúncia anônima entregue à Polícia Federal. O veículo estava enterrado e coberto por uma lona, em uma área de mata.

Durante as escavações, as equipes constataram que se tratava do carro usado pelos quatro homens desaparecidos desde o dia 5 de agosto: Alencar Gonçalves de Souza, Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso.

No interior do veículo, os peritos identificaram manchas de sangue e perfurações de tiro. Além disso, conforme a Polícia Militar, um objeto com um nome também foi achado e levado para a perícia. Até o momento, porém, nenhum corpo foi localizado.

Desaparecidos de Icaraíma: carta anônima indicou o local do carro

A descoberta aconteceu após uma carta anônima ter sido deixada na porteira da casa do pai de Alencar. O bilhete descrevia de forma detalhada a localização do automóvel e mencionava que os corpos poderiam estar dentro do carro enterrado. O documento foi entregue à Polícia Federal, que repassou as informações para as forças de segurança.

O carro foi encontrado aproximadamente 9 km de uma propriedade que pode ter relação com o crime. A carta pedia que o conteúdo não fosse repassado à polícia local.

Linha de investigação

O secretário da Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, afirmou em entrevista que há indícios de que criminosos foram contratados para executar os assassinatos. Segundo ele, mesmo após intenso trabalho de buscas com drones, sonares, cães farejadores e equipes especializadas, a prioridade inicial sempre foi localizar os desaparecidos com vida.

Já o delegado Thiago Andrade Inácio confirmou em entrevista que a Fiat Toro estava envolvida em plástico, possivelmente para ocultar vestígios do crime.

“O local é uma área de mata, próximo ao sítio dos Buscariollo. Os corpos ainda não foram confirmados, mas o veículo foi encontrado enrolado em plástico. Essa atitude geralmente é para disfarçar o cheiro e os cães farejadores não encontrem”, declarou Andrade.