Apesar da expectativa de que o projeto de isenção do imposto de renda volte à discussão na próxima semana, governistas temem que o clima ruim entre governo e deputados atrapalhe – e adie mais uma vez – a votação.
Pesando contra estão:
baixo pagamento de emendas parlamentares;
incômodo do Centrão com o PT na PEC da Blindagem;
foco no projeto de lei da anistia;
desembarque de vez do União Brasil; e
sombra das eleições 2026 (veja mais abaixo).
O relator do caso e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve participar da reunião de líderes na próxima terça-feira, quando será possível ter a dimensão real do que pode acontecer, segundo seus aliados.
A avaliação de interlocutores de Lira é que ele conhece a Câmara e que, se o projeto não foi pautado até agora, é porque não há clima.
Deputados governistas dizem que o Centrão e a oposição não terão coragem de votar contra o projeto diante da sua popularidade. Mas, segundo um parlamentar, essa é "uma das únicas coisas que eles têm para pressionar o governo."
Um dos receios é que, durante a votação, a oposição ou o Centrão apresentem uma sugestão para alterar o texto para ampliar a faixa de isenção de imposto de renda, sem que haja uma compensação financeira para isso.
A versão mais recente do relatório isenta pessoas que recebem até R$ 5 mil e traz um desconto parcial para quem recebe até R$ 7.350.
Na prática, isso deixaria o governo na berlinda: sem poder orientar contra, mas sem ter recursos para compensar o aumento de gastos.
Outra possibilidade já ventilada por parlamentares do União Brasil é retirar as compensações hoje previstas: taxação extra de até 10% para renda quem recebe a partir de R$ 50 mil por mês e de 10% para quem recebe a partir de R$ 100 mil por mês.
Entraves
Emendas parlamentares
Um dos principais entraves é o pagamento das emendas parlamentares na avaliação de deputados do governo – especialmente das emendas de comissão.
Apesar de não serem de execução obrigatória, essas emendas são usadas como moeda de troca pela Cúpula do Congresso Nacional. Como nem todos os parlamentares têm acesso a esses recursos, eles se tornam um instrumento de poder na Câmara e no Congresso.
Até agora, apenas 2% dessas emendas foi empenhado: R$ 215 milhões num universo de R$ 11,5 bilhões autorizados.
No Palácio do Planalto, o discurso é que os próprios parlamentares não têm enviado os documentos necessários para comprovar a transparência desses recursos. Isso estaria travando o pagamento.
Fonte - G1
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