Mais de 60 presos em megaoperação contra o tráfico no Paraná após meses de investigação

Foto: Reprodução

A Polícia Civil monitorou, por meses, um grupo suspeito de tráfico de drogas no Centro de Curitiba. Parte do monitoramento foi registrado em vídeos, gravados com a autorização da Justiça, e faz parte da investigação. As imagens mostram parte da rotina criminosa do grupo. Em uma delas, é possível observar traficantes escondendo drogas nos vãos de janelas dos prédios, nos cantos de portões e em fachadas.

Em outra imagem, um casal entrega a droga enquanto finge esperar pelo ônibus. Em outro, o comprador chega de carro para pegar os ilícitos. Outro, busca de bicicleta. As imagens foram borradas porque nem todas as pessoas que aparecem tem envolvimento com os crimes. Além disso, não é possível saber se há menores de idade.

Segundo as investigações, o grupo atua principalmente nas imediações da Praça Tiradentes, Travessa Nestor de Castro, rua Trajano Reis e áreas próximas. A polícia aponta que a organização controlava o tráfico de drogas nesses locais e impunha regras violentas aos envolvidos.

Operação prendeu mais de 60 pessoas

Na manhã de quarta-feira (25), o grupo foi alvo de uma megaoperação das polícias civil e militar que resultou na prisão de 66 pessoas. A ação mobilizou cerca de 400 policiais, com apoio da Polícia Penal (PP-PR), além de helicópteros e cães farejadores.

A operação cumpriu 172 ordens judiciais, sendo 92 mandados de prisão, 55 de busca e apreensão e 25 medidas de bloqueio de ativos financeiros. Uma pessoa morreu em confronto com a polícia, informou a corporação.

Investigações

Após denúncias e aumento de ocorrências na região, a polícia instaurou um inquérito em agosto de 2024. De acordo com os investigadores, o grupo operava com divisão de funções, com chefes, gerentes, operadores logísticos, responsáveis pelo setor financeiro e dezenas de vendedores, organizados em turnos.

Ainda conforme a corporação, o grupo mantinha registros contábeis, estipulava metas e usava códigos próprios para designar os tipos de drogas. Além disso, segundo a polícia, parte da droga era escondida em bueiros, canos e até na boca dos envolvidos, dificultando a ação policial.

As vendas ocorriam em diversos pontos da região central, com grande circulação de pessoas, o que favorecia a comercialização em larga escala, aponta a polícia.

"O grupo mantinha diversos pontos de venda de drogas na região central e repassava espaços a narcotraficantes associados, com autorização de uma facção criminosa de alcance nacional. Para manter o domínio territorial, recorria à violência contra rivais e prestava apoio a membros presos durante as operações", descreveu a polícia.

Os suspeitos também estão ligados ao aumento de crimes como homicídios, roubos, furtos e porte ilegal de arma de fogo. A investigação apurou também que as movimentações financeiras eram incompatíveis com a renda declarada pelos investigados.

Parte dos envolvidos, inclusive beneficiária de programas sociais, movimentava altos valores por meio de familiares e terceiros, que, conforme a polícia, reforça os indícios de lavagem de dinheiro

Os investigadores também relacionam o grupo a homicídios. Um dos casos apurados é o assassinato de Ygor Hercullles de Souza, morto em fevereiro deste ano, um dia após ser espancado. Ele havia ameaçado uma equipe de televisão que produzia uma reportagem sobre a violência na Praça Tiradentes, e a polícia investiga se o crime foi uma retaliação.


FONTE: G1 PARANÁ