Cerca de 24 horas após a prisão em flagrante, a Justiça de Santa Catarina concedeu liberdade provisória a Julian Felipe Feitosa, de 28 anos, preso pela Polícia Militar com 176 kg de cocaína e 12,7 kg de crack dentro do apartamento onde morava com a esposa, Isabella Poli, em Balneário Camboriú.
O flagrante ocorreu na tarde de segunda-feira (18) e foi resultado de uma operação da Agência de Inteligência do 12º BPM, com apoio do 25º BPM e do Tático.
A esposa, de 30 anos, também foi detida na ocasião, mas acabou liberada ainda na segunda-feira, após Julian assumir toda a responsabilidade. A defesa alegou que ela não teria envolvimento com a droga e que se tratava apenas de uma “condução formal”. O argumento foi acatado e ela foi solta antes mesmo da audiência de custódia.
O flagrante e a quantidade milionária de droga
A operação teve início após denúncia de que um carregamento chegaria a um imóvel. Policiais em vigilância flagraram Julian descarregando sacos de estopa de uma Renault Duster para dentro da garagem. No interior dos sacos estavam 128 tabletes de cocaína com embalagem amarela, 17 em embalagem preta, 22 em cor azul, além de uma caixa com 12 tabletes de crack.
A carga foi avaliada em até R$ 25 milhões, dependendo do grau de pureza e da forma de comercialização. Segundo a Polícia Militar, o local funcionava como depósito para distribuição em cidades do Litoral Norte.
Julian e Isabella mantinham perfis ativos nas redes sociais, onde ostentavam uma vida de luxo, com frases motivacionais e premiações por supostas vendas on-line. Isabella exibia placas com os dizeres “R$ 1 milhão” e “R$ 5 milhões em vendas” e publicava frases como “Não é sobre o número, é sobre o quanto eu me tornei capaz”. Julian se apresentava como modelo, salva-vidas e entusiasta fitness.
Durante a audiência de custódia realizada na terça-feira (19), o Ministério Público pediu a conversão da prisão em preventiva, mas o juiz Guilherme Faggion Sponholz, da Vara Regional de Garantias de Balneário Camboriú, não acatou o pedido e determinou a liberdade provisória de Julian, com aplicação de medidas cautelares.
A decisão foi fundamentada na ausência de antecedentes criminais, na atividade lícita do réu (modelo e supostamente guarda-vidas) e na inexistência, até o momento, de elementos que comprovem vínculo com organização criminosa. O juiz destacou que a grande quantidade de drogas, por si só, não justifica prisão preventiva.
Além disso, o magistrado deixou claro que o réu agia, aparentemente, apenas como guardador da droga e que a situação poderia até se enquadrar no tráfico privilegiado, caso a acusação não consiga demonstrar habitualidade ou associação criminosa.
Julian saiu em liberdade sob as seguintes condições:
Comparecimento mensal em juízo
Proibição de sair da comarca sem autorização judicial
Proibição de cometer novas infrações
Recolhimento domiciliar das 22h às 6h e em dias de folga
O juiz alertou que o descumprimento de qualquer uma dessas medidas pode gerar a decretação de prisão preventiva.
Juiz manda investigar suposta agressão policial
Durante a audiência, Julian relatou que teria sido agredido por policiais militares no momento da prisão. Segundo ele, foi jogado no chão e pisado na cabeça após a abordagem. Diante da denúncia, o juiz determinou que, após a juntada do laudo do exame de corpo de delito, o caso seja encaminhado à 8ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú para apuração formal da conduta dos agentes envolvidos.
Apesar disso, o magistrado ressaltou que a ação policial foi legal, especialmente por se tratar de crime permanente e flagrante em andamento, dispensando mandado judicial para ingresso no imóvel, conforme jurisprudência do STF e do STJ.
Investigação prossegue
O juiz também autorizou a quebra de sigilo dos dados dos celulares e dispositivos eletrônicos apreendidos com o casal. O material poderá ser analisado pela Polícia Civil e compartilhado com o Ministério Público e a Agência de Inteligência para averiguar eventuais conversas, registros e conexões com outros envolvidos no tráfico.
Mesmo soltos, Julian e Isabella ainda podem ser denunciados pelo Ministério Público.
Fonte: Jornal Razão
0 Comentários